terça-feira, junho 03, 2008

Migalhas

Lembro-me sempre do Clube dos Poetas Mortos e de como a nossa posição relativa pode alterar a percepção que temos. De um espaço, de uma pessoa, de uma situação. No filme o exercício é subir a uma mesa e olhar para a tão comum sala de aula.
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No trabalho o big boss enviou este e-mail:

"6000 visitantes num Domingo, e um fim-de-semana cheio de actividades e de novidades. Um sucesso junto do público e junto dos cientistas e investigadores que connosco colaboraram. E tudo isto com boa disposição e sem problemas!
Os meus parabéns a todos e um grande obrigado pelo que este fim-de-semana revela sobre o entusiasmo, profissionalismo e maturidade desta grande Equipa."
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Para quem está habituado a nunca ter uma palavra de apreço... estes momentos insuflam a carne e a alma de uma maneira como não há igual. Pão inteiro. Bolo. De arroz ou chocolate.
Para quem está sempre a assistir aos mesmos esquemas e truques, com medidas que se anunciam para repor alguma justiça ao trabalho desempenhado por alguns mas que não se aplicam... palavras assim sabem a pouco. Migalhas.

Mas secalhar sou eu, eterna insatisfeita. :(

Preciso de um caleidoscópio. Um daqueles que não o é verdadeiramente. Preciso de um caleidoscópio com lente olho de mosca, uma lente que multiplica os sorrisos, as bocas desdentadas das crianças, os beijinhos... as mãos que se nos estendem e nem sempre conseguimos/queremos agarrar.

1 comentário:

antonio_subtil disse...

eu gosto muito desses momentos, em que as pessoas vêm a mesma coisa com olhos diferentes, como tu vias as palminervias, e eu só via marmore!

mas em relação ao post, eu englobo-me nas duas situações, estou habituado a não ter qualquer incentivo e a ouvir sempre as mesmas palavras vazias de que tudo irá melhorar...

mas não quero caleidoscópios, pois mostram um mundo que não é o meu, diferente mas irreal.

quero é ser sempre capaz de ver o mundo com os meus olhos, mesmo que por vezes não veja coisas bonitas..

beijo...