domingo, julho 27, 2008

Será Deus uma partícula?*

Espero bem não!!

Lembro-me da Química e de tentar, por aí, ir à raiz das coisas. Perceber como é que os átomos se agrupavam para mais tarde se desagregarem e logo a seguir arrumarem-se uma vez mais numa estabilidade instável até o processo recomeçar. Que fascínio por responder a perguntas, umas mais curiosas que outras… perguntas cuja resposta me dava a Ciência, neste caso a Química. Havia também a Física e as suas forças de coesão para tudo. Quem diria que o Universo, TODO o Universo, se resumiria a 4 forças: a gravítica, a electrostática, a nuclear forte e nuclear fraca. Podia voltar aos livros e descrever aqui sumariamente cada uma delas, deixar um cheirinho de Ciência num blog que concebi para outras urgências e rugidelas… duvidei já tantas vezes se o conseguiria... Hoje sei que não é uma questão de ser ou não capaz de voltar à Ciência mas de não querer, simplesmente já não querer. As perguntas agora são outras… evidência do 4º ano da Faculdade obtida através da Prof. Visitação Barbosa!!

Há uma ciência que ainda me apaixona… a Psicologia!! Gosto de perceber os meandros do ser humano, perder-me nos seus limites e potenciais, reconhecer as suas dúvidas e desesperos, os seus entusiasmos e alegrias. Livros, revistas e artigos desta temática são avidamente sorvidos quando me vêm parar às mãos. Mas nem aí Deus está!!

Deus é tanto uma partícula como uma sinapse no espaço-tempo da vida de alguém. :S

Não me venham com tretas… sempre a mania de misturar laranjas com cogumelos, nabos com chocolates!!! Mas como é que é que a Ciência, seja ela qual for, pode alguma vez pretender explicar a Fé???

Posso saber o que activa o meu saco lacrimal sempre que tenho uma dor física ou quando alguém me magoa, aqui, ali, aqui, no coração, sem querer ou propositadamente... Posso saber que o médico que me operou voltou a pôr no osso, outra vez, os ligamentos que se romperam. Que não foi uma ruptura mas um arrancamento. E que o perónio estava deslocado e por isso teve de haver cirurgia, não bastou andar de gesso… Posso saber os caminhos que estas letras percorrem pelos circuitos electrónicos de computadores e routers e servidores que depois vejo num écran RGB e na designação web que escolhi para o meu sítio…

...mas nenhuma Ciência me explica o aMor que tenho pelos meus sobrinhos. Um aMor só porque sim!! E por que razão quero eu passar tempo com eles e vê-los crescer. Tê-los por perto. Quem diz os sobrinhos, diz os aMigos, essa família que escolhemos.
Nenhuma Ciência me diz o que é suposto eu aprender com estas paragens forçadas na minha vida…
Nenhuma Ciência me ensinou a dizer Fica ou Preciso de ti… nos momentos cruciais de me abandonar e entregar nos (a)braços de alguém.
Nenhuma Ciência me explica por que motivo, no desapontamento de um ou outro episódio, se decide avançar, em nome de um milagre, o do aMor e da viDa, porque se acredita numa união especial, porque desta vez é diferente… é maior.

Nenhuma Ciência me ensinou a aMar… a proteger, a cuidar. A suspirar. A deter-me no medo deste tanto que me (nos) deixa sem fôlego mas com energia para o que der e vier. Para mover montanhas, segundo o "meu" Deus...


Nop!! Deus não é uma partícula. Não pode.

Deus é Amor. Sabe o nosso nome, isto é, conhece-nos. Do direito e do avesso. E ama-nos. Só porque sim… apesar de tudo, apesar dos reveses, das borbulhas e pontos negros, dos monstros que em nós habitam. Deus ama-nos.

Deus é Amor. E Deus não se explica!!


*post prometido ao João e à Inês desde o dia 11 Junho
(só para que conste, este post de avulso nada tem... :P)

1 comentário:

jb disse...

este teu post... muito muito interessante!! Os dias que demorou... certamente esteve a apurar! ;)
Eu concordo com o que escreveste (inclusivé a parte dos MEUS sobrinhos....), assinaria por baixo. Tirando as dissertações científicas: essa parte não chegaria lá tão conciso (talvez usasse antes um exemplo com feijões... ou com cafés cheios e curtos...)
E desse aMor que tão bem descreves, há um traço fundamental, a gratuidade: é grátis, sem esperar nada em troca!
Há as causas desse amor (talvez o Lindinho adiantasse algo mais estruturado aqui: o Homem que é relacional, talvez precise mesmo de amar e ser amado), mas não explicam o sentido de existir esse amor.
Nenhuma explicação científica consegue explicar a razão de uma dádiva gratuita, uma transferência unilateral de amor, de perdão, de caridade, de Vida.
belo post dedomingo!! :D
beijo