domingo, maio 04, 2008

Crime no Museu

(ou o Inspector aÇucar declara-se culpado e entrega-se...)

O dia nasceu
mais cedo do que eu esperava.
E nem me deu tempo
de esconder a luz que entrava.
A noite correu
depressa demais
e nem fez questão de me avisar.

Chegou sem avisar... vestido de uma inocência madura.

Ainda dormia
no ar, aconchegado.
Um cheiro tão doce
de um segredo bem guardado.
Nem cara, nem nome,
nem voz, nem silêncio.
Nem mesmo a lembrança de um recado.

Tem cara... de papel de parede. Nome discreto, peculiar, subtil. Voz melodiosa e serena, uma voz que acalma. E uma gargalhada ES-PEC-TA-CU-LAR!! Silêncio que não é vazio. Recados? Só pessoalmente.

O corpo,
a alma,
alguém os levou de mim.
Sem medo,
com calma,
quem foi que me teve assim?

De corpo e alma. Diz que foi assim que se entregou... às autoridades.

Sem marcas na cama
nem cabelos na almofada.
Nem traços de lama
no tapete da entrada.
Nem copos vazios,
nem cigarros frios,
nem rasgos profundos na guitarra.

Lençóis suaves ou garridos? Almofadas que se afundam ou consistentes? Copos vazios ou plenos? E rasgos... profundos ou marcas superficiais?

Alguém me deixou
voltar desamparado
do fundo do sono
num assalto ao beijo armado.
Um crime perfeito
sem ter um suspeito
nem provas do tanto que roubou.

Felizmente ele declarou-se culpado. Sem oferecer resistência entregou-se. A pena ainda está a ser estimada...

Ferido de morte neste assalto
– podia o tiro ser de amor!
Porque de amor já ninguém morre...
só de um desejo matador!

Assalto (ao beijo armado), Luís Represas

Dos outros não sei. Eu... todos os dias morro um bocadinho mais de aMor nos teus braços!! Mais que ontem e menos que amanhã. Que tiro certeiro...!! :)

Sem comentários: