terça-feira, dezembro 18, 2007

Lutas

Ele aproximou-se. Inocente, sorrateira e inesperadamente. Na mão a arma, muito bem disfarçada, com que desferiu o primeiro golpe. Um risco nas calças. Um pau de giz. Branco.

Um risco branco nas minhas calças pretas.

Perplexa, eu... investi na provocação. Luzes, câmara, acção. Gravamos o primeiro take. Como uma luta entre o bom o e vilão, pela arma que tanto protege como mata, os corpos procuram à força recuperar esse que manifesta vitória – o pau de giz.
O giz rolava pelo chão aleatoriamente, perdia-se e encontrava-se por entre as cadeiras, as nossas mãos, o chão, as mesas (des)arrumadas. Saía disparado pelo momento linear. E nós também. Ao acaso. Eu por cima de ti. Tu por cima de mim. Meio loucos, meio guerreiros. Qual de nós o mais rápido, o mais forte, qual de nós o bom, qual de nós o vilão...?
À volta o mundo parecia-me não existir. Só eu e tu. E a luta. Longe de acabar. Longe de amenizar. Longe de se esquecer. Eu lutava por fora mas por dentro desfazia-me... num sorriso imenso. Palhaço!! Gravava o momento como o início de algo.

Adoro uma boa luta!!

Fugimos, equilibramos o espaço, repelimo-nos e topamo-nos à distância. Com as mesas entre nós, um de cada lado, damos lugar à "sedução". Eu passo os dedos pelos lábios à martini girl... tu, ousado começas a desapertar o cinto... mas eu desarmo-te com o meu gesto ainda mais arrojado na parte superior. :P Recomeçamos a luta, entre cadeiras, no chão outra vez, ou ainda por cima das mesas. Desenho todos os riscos que consigo nas tuas calças igualmente pretas. Procuro a força física para a aliar à interior. Não me dou por vencida. Adoro uma boa luta!! Fazemos uma pausa. Vou despejar o lixo. Quando regresso é tempo de paz, suspender armas. Pensava eu... Ao pau de giz seguiu-se o apagador. Mais uma vez, tu. A desferir o primeiro golpe. Take II. Usamos a perícia, a estratégia, a esperteza (saloia). Saímos da sala por momentos. A guerra já não cabe naquelas quatro paredes. Tu regressas. Encosto o ouvido à porta para ouvir melhor. Sem querer quase que nos acertamos.

Acerta-me aqui. Acerta-me aqui... aqui!! (a-corda no paraíso, produção GTIST)

Rimos até mais não, quem se deixará enganar? Nem um nem outro.
O fim avizinha-se duro, quase batoteiro. Já descontraídos apanho-me com os dois apagadores e aproveito-me da situação. Tu com as pernas em cima da mesa, à patrão. Estavas mesmo a pedi-las!! E se eu agora...? Terminou como começou. Perplexo, desta vez tu, não imaginavas que eu limpasse o pó às tuas calças. ;) Limpei mesmo!!!


Lutas!
É preciso ter cuidado... a vingança serve-se fria. Pelo menos é o que ele diz.













(Cena I - sex appeal em t-shirt cor-de-rosa)

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